Ensino de História na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): sentidos de diversidade nos anos iniciais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22633/rpge.v24iesp2.14326

Palavras-chave:

Política de currículo, Ensino de história, Diversidade, Discurso das competências.

Resumo

Objetivando compreender os sentidos que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tenta fixar para o significante diversidade no componente curricular de História, apresentamos neste artigo uma análise que considera o documento como mecanismo discursivo que opera dentro de um regime de verdade a serviço da busca de hegemonia no campo educacional e social. O estudo, de viés qualitativo e de caráter documental e bibliográfico, abordou alguns dos principais fundamentos das concepções que consubstanciam a BNCC. As considerações apontam que a hibridização do significante diversidade oculta sentidos vinculados a um projeto fundamentado na perspectiva da interculturalidade funcional, que preconiza a despolitização do processo educativo pela subordinação do conhecimento em si (os conteúdos de História e a temática da diversidade) ao conhecimento para se fazer algo (discurso das competências).

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Biografia do Autor

Maria Aparecida Lima dos Santos, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Professora Associada da Faculdade de Educação (FAED/UFMS) e Docente no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino de História (UEMS). Doutorado em Educação (USP).

Suzana Lopes Salgado Ribeiro, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Professora Visitante no Programa de Pós-Graduação em Educação. Doutorado em História Social (USP).

Wanessa Odorico Onório, Secretaria Municipal de Educação (SEMED)

Professora de Educação Física e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Especialização em Relações Étnico-Raciais (UFMS).

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Publicado

14/11/2020

Como Citar

SANTOS, M. A. L. dos; RIBEIRO, S. L. S.; ONÓRIO, W. O. Ensino de História na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): sentidos de diversidade nos anos iniciais. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24, n. esp2, p. 961–978, 2020. DOI: 10.22633/rpge.v24iesp2.14326. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/14326. Acesso em: 29 mar. 2024.

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