Percurso histórico das políticas de formação continuada paranaense: características e experiências de 1999 a 2006

Autores

  • Rayane Regina Scheidt Gasparelo Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG.
  • Marisa Schneckenberg Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO/I.

DOI:

https://doi.org/10.22633/rpge.v21.n1.2017.9741

Palavras-chave:

Políticas educacionais. Formação continuada. Desenvolvimento profissional.

Resumo

O presente estudo teve como objetivo o resgate do contexto histórico das políticas educacionais para a formação continuada dos profissionais da educação no estado do Paraná, no período de 1999 a 2006. Foi neste contexto, mais especificamente no final do ano de 2005, que surgiu o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR. Tal programa refere-se à um processo de formação continuada, cujos pressupostos estão ancorados na valorização e reconhecimento dos docentes; melhorias tanto nos processos de ensino/aprendizagem, como nos processos de tomadas de decisões relativos à gestão da escola e a formação ocorre integrada com as Instituições de Ensino Superior (IES). Tais pressupostos, articulam-se à concepção de professor enquanto profissional de ensino e não mais, como técnico. Em vista disso, torna-se inquietante e pertinente verificar, quais eram os propósitos dos programas de formação continuada, anteriores ao PDE/PR? Considerando a metodologia do ciclo de políticas (MAINARDES, 2006), para compreender o contexto de influência da criação do PDE/PR., recorremos à revisão bibliográfica sobre o processo de formulação das políticas e as características e experiências de formação continuada no Governo Jaime Lerner (1999 a 2002) e no Governo Roberto Requião (2003 a 2006). Verificou-se que vários projetos e propostas formativas foram desenvolvidas, até a criação do PDE/PR. Contudo, a essência do viés neoliberal imperava, pois as ações do Estado para formação eram indicadas pela Secretaria Estadual de Educação, e aos docentes cabia apenas cumprir determinados roteiros de estudos e a seguir, elaborar relatórios. As propostas priorizavam o viés da sensibilização para desenvolver atividades técnicas e impulsionar a eficiência e eficácia do sistema, aumentando a produtividade dos docentes e diminuindo sua capacidade intelectual e crítica. O surgimento do PDE, a partir a reinvindicação de representantes do Sindicato dos Professores, diferencia-se dos programas de formação continuada técnicos e funcionalistas que vinham sendo realizados. O texto, no qual, estão os pressupostos conceituais, a fundamentação político-pedagógica, o plano integrado de formação contínua e a avaliação da aprendizagem do PDE/PR retrata uma concepção de formação continuada, cujo objetivo é valorizar o conhecimento docente, as situações vivenciadas no âmbito da sua prática, bem como incentivar o ensino, a pesquisa e após a intervenção na realidade escolar.

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Biografia do Autor

Rayane Regina Scheidt Gasparelo, Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG.

Doutoranda em Educação - LAGE (laboratório de Gestão Educacional)/UNICAMP.

Marisa Schneckenberg, Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO/I.

Doutora em Educação. Docente do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação - UNICENTRO/Pr. Orientadora na linha de Pesquisa: Políticas Educacionais, história e organização da educação – PPGE/UNICENTRO.

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Publicado

15/01/2017

Como Citar

GASPARELO, R. R. S.; SCHNECKENBERG, M. Percurso histórico das políticas de formação continuada paranaense: características e experiências de 1999 a 2006. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, p. 81–107, 2017. DOI: 10.22633/rpge.v21.n1.2017.9741. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/9741. Acesso em: 11 dez. 2024.

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